sábado, 15 de dezembro de 2012

prestador de serviço x hóspede

Vou voltar a falar de noivas. Não do meu casamento - na verdade nem das noiva, propriamente ditas -, mas indiretamente, vou falar sobre noivas mais uma vez. Do status, do tratamento, dos mimos e das regalias que são concedidos às noivas.
Ao mesmo tempo, quero falar da mania que as pessoas têm de achar que o trabalho não dignifica o homem. Quer dizer, não todo trabalho. Ou de pensar que trabalhar para alguém importante as faz importantes também.
Se você não consegue entender a ligação direta entre os dois assuntos, certamente não trabalha nem trabalhou em um hotel que receba muitas noivas. Eu já trabalhei em mais de um e posso dizer: poucas coisas são tão irritantes quanto maquiadores, cabelereiros, fotógrafos e cerimonialistas querendo ter os mesmos direitos e privilégios que tem a noiva.
Vamos explicar uma coisa importante a essa gente pernóstica: via de regra, nem o NOIVO tem o mesmo status que a noiva! Por que, então, a criatura abominável acha que só porque está arrumando o cabelo da noiva tem o direito de desfilar pelos corredores, entrar e sair sem dar satisfações a ninguém, pedir serviço de quarto e sei lá mais o quê.
Quer dizer, nem a própria noiva entra e sai sem mais nem menos: ela passa na recepção, preenche sua fichinha, assina, paga uma diária alta para ter tratamento vip, se torna hóspede do hotel.
Maquiador não fica hospedado no hotel. Cabelereiro não está hospedado no hotel. Fotógrafo não está hospedado no hotel. Se estivesse, podia até dar um mergulho na piscina pra relaxar.
Mas não está. E como não está, seu "status" é o de um prestador de serviços - que é o que ele é e não tem nada de ofensivo. Todos nós somos.
O maquiador famoso, quando está hospedado no hotel, é tratado como VIP, mas se vier maquiar uma noiva, passa a ser mero prestador de serviço. Qual é a dificuldade em entender isso?
A entrada principal do hotel, o glamour e o tratamento personalizado são para hóspedes convidados (os pais da noiva, por exemplo). Prestadores de serviço devem seguir as normas do hotel: se registrar, aguardar ser anunciado e admitido pela noiva e, dependendo do hotel, fazer tudo isso pela entrada de funcionários e prestadores de serviço.
Não é preconceito, é logística! Não é para ser ofensivo, nem pra fazer ninguém se sentir diminuído ou preterido. É, repito, uma simples questão de logística. Funcionários e prestadores de serviço têm seus próprios caminhos internos, para que os hóspedes tenham exclusividade em seus espaços, sem ter que ficar esbarrando em não hóspedes, com caixas, maletas, equipamentos e uniformes.
Sinto muito se você não vai passar pela piscina ou pelo restaurante: atenda a muitas noivas, ganhe dinheiro, e faça sua própria reserva no hotel. Como hóspede.
E pára de me encher com piti recalcado e esse papo chato de "eu sempre venho aqui e nunca precisei fazer isso"! Eu tenho mais o que fazer para os meus hóspedes.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

louvar ou não louvar, eis a questão.

Ai... posso falar? Que chatice essa polêmica em volta do "Deus seja louvado" das notas de real.
Eu nunca tinha nem reparado na bendita frase e, de repente, um milhão de posts indignados com a retirada da dita cuja, como se não constar a frase na nota de dinheiro fosse uma ofensa a Deus - e todos os a Ele tementes -, como se Deus fosse se importar muito com isso ou, pior, como se somente os cristãos importassem.
Então, vamos lá: minhas opiniões sobre o caso:
1 - O argumento do Ministério Público é simples, direto, objetivo e incontestável: o Brasil é, teoricamente, um país laico. Se é laico, não tem que privilegiar esse ou aquele credo. Retirar a frase - que, visto deste ângulo, nunca deveria ter estado ali - não é uma forma de ofender os cristãos, nem de diminuir a importância de Deus nas suas vidas. É simplesmente uma forma de demonstrar respeito pela opinião de todos
2 - A Igreja Católica não tinha nada que se meter nem questionar coisa nenhuma. Afinal, a Casa da Moeda não é um templo religioso, não está subordinada a nenhuma religião (uma vez que o país é laico) e não ofendeu ninguém, nem mesmo a Deus (que como eu disse, certamente está ocupado com questões muito mais importantes e produtivas)
3 - Não sei porque tanta questão fazem de ter o Santo Nome vinculado à representação maior dos bens materiais, justamente Ele que tanto tenta nos ensinar a cuidar mais do espiritual. Deviam ser os cristãos os primeiros a querer que o nome de Deus fosse desvinculado da ideia do dinheiro, eu acho.
4 - por último, mas não menos importante: eu não acho que deveriam tirar a bendita frase das malditas notas. Acho que o Brasil devia era assumir de uma vez que esse negócio de laicidade é conversa pra boi dormir. Que é apenas politicamente correto o suficiente para dizer que todos os seus cidadãos são iguais perante a lei, independentemente da religião que sigam. No fundo - e nem tão fundo assim - o Brasil não tem nada de laico. A quantidade de feriados religiosos que aproveitamos, os recessos dos órgãos públicos (natal, páscoa, carnaval). É melhor não dar ideia, mas você nunca ouviu falar de uma repartição em recesso por causa do Yom Kippur ou o Eid al Fitr, ouviu? Por que não assumimos de uma vez que somos um Estado cristão (ainda que nossos cidadãos não cristãos tenham os mesmos direitos garantidos por lei), deixamos o dinheiro como está  e pronto?
Mas até que isso aconteça, o Estado é laico, sim, e o "Deus seja louvado" está sobrando ali naquelas notas sim... se você perceber esse detalhe.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

o meu... meu... ehr... noivo! Pronto, falei!

Eu estava noiva. E isso era o sonho da minha vida e eu estava muito feliz.
Mas aí eu tinha um noivo... e eu estava radiante por ter um noivo, mas sempre ficava meio sem graça de falar dele com quem não o conhecia.
É que eu tinha a impressão de que quando eu dizia, por qualquer motivo que fosse, "o meu noivo...", as pessoas pensavam "hum... meu noivo... só pra dizer que vai casar! Que exibida!"
Eu sei que tem gente que noiva por anos a fio, mas, na minha cabeça, noivo (a) sempre foi um estado provisório. Nunca entendi muito bem esse negócio de noivar sem saber quando se vai casar. Só para "dar um passo na relação"
Pra mim, noivado é aquele espaço de tempo entre o dia em que você decide se casar e o dia em que efetivamente se casa. Talvez você não saiba a data exata no momento em que assume o status, mas existe um prazo: vamos nos casar no ano que vem, no fim deste ano, em 2014... "Vamos casar daqui a dez anos", pra mim, não é noivado, é enrolação. Se você não tem condições de casar, por algum motivo, fique namorando até o dia em que puder fazê-lo.
Noivo - e, principalmente, noiva - é quem correndo proclames, planejando detalhes, resolvendo tudo o que envolve o tal "grande dia". Quem está só juntando dinheiro pra casar, na minha cabeça, é namorado.
Assim, noivos e noivas sempre tem assunto quando se fala em casamento, estão empolgados com essa expectativa, estão se contendo para não falar disso o tempo todo e entediar os amigos. Noivos e noivas estão felizes e acreditando, como nunca, na instituição do casamento. Noivas ficam estressadas e ansiosas, como se tudo o que diz respeito ao seu casamento despertasse nelas um tipo de TPM, que pode se tornar permanente, dependendo da noiva. Elas compram revistas de noiva, olhas sites de casamento, escolhem presentes. Passam todo um período se preparando para ser o centro das atenções e atraindo a atenção de amigas e mesmo desconhecidos.
Por essas e por outras, noivas passam por exibidas (e às vezes ficam exibidas mesmo) e eu, ficava sem graça em dizer que era noiva a desconhecidos. Conhecidos não. Parentes e amigos mais próximos aturaram e compartilharam toda a minha euforia, sem restrições ou reservas.

domingo, 11 de novembro de 2012

vida amorosa ou segundo turno de eleição?

Eu assisti a pouquíssimos capítulos de Salve Jorge até agora, e nenhum completo. No pouco que assisti, não fui com a cara da Morena e acho que o capitão estava muito melhor arranjado com a Érica (mas isso é apenas a minha opinião e não tem nada a ver com o conteúdo deste post). Só que ele se apaixonou lá pela Morena, terminou com a Érica e pediu a primeira em casamento. Eu não acompanhei os detalhes, não sei como isso tudo aconteceu, mas sei que aconteceu. Érica teve que se resignar, engolir o orgulho e o choro cada vez que cruzava com o capitão e ainda atender a mãe do rapaz dizendo que a preferia como nora.
Pois bem: essa semana, lendo as capas das revistas na banca de jornal (eu leio todas em todas as bancas por onde passo) vi que o Théo ia se decepcionar com a Morena, terminar o noivado, e que acabaria voltando para a Érica.
Não é a primeira vez que acontece. Aliás, é super lugar comum: a televisão nos dá a entender que só existem duas alternativas na vida amorosa de uma pessoa. Ou essa ou aquela. O conhecido "não tem tu, vai tu mesmo".
Na novela anterior, por exemplo, Jorginho amava a Nina, mas ela sumiu no mundo e ele se apaixonou pela Débora. Nina voltou e ele foi atrás dela, mas cada vez que brigaram ele tentou (com ou sem sucesso) voltar para a patricinha. Monalisa refez sua vida com Silas após a decepção com Tufão, mesmo sem ser lá tão apaixonada assim pelo dono do bar. Terminou com ele para voltar com o Tufão, mas quando a volta não deu certo, quis voltar pro negão. No final óbvio, foi feliz pra sempre com o jogador de futebol como se não tivessem passado nem dois dias do fim da relação (e haviam passado mais de dez anos)
O roteiro é batido e com poucas variações. Primeiro, o rapaz e a mocinha se encontram e se apaixonam perdidamente. Pode ser que os dois sejam livres e desimpedidos ou que pelo menos um deles já tenha um compromisso anterior. Então, aparece uma terceira pessoa na estória, que pode ou não ter o caráter duvidoso e separa os dois, ficando com uma das partes. Talvez eles fiquem juntos até o fim da estória, quando alguma reviravolta unirá novamente o casal principal, mas também pode ser que a estória seja repleta de idas e vindas (como nos exemplos já citados). De qualquer forma, mocinho e mocinha vivem felizes para sempre no no fim da estória. Ela, grávida,
Mas o final feliz da estória não é o que estou discutindo. Afinal, é isso o que a gente quer ver quando assiste a novela. É o meio que me incomoda. Aos mocinhos e mocinhas, dificilmente é dada a chance de conhecer novas pessoas, investir em um ano sabático viajando pelo mundo ou simplesmente ficar solteiro e feliz até o dia em que um novo amor aconteça. Ninguém pode ficar sozinho muito tempo. Isso de "solteirice" não é para protagonistas. A vida amorosa deles parece segundo turno de eleição - ou um ou outro - só que sem a opção de branco ou nulo.
Quando um mocinho viaja ou muda de cidade após uma briga com seu amado, nunca é porque vai ser legal, porque uma experiência interessante o aguarda ou porque ele sempre quis fazer um mochilão pela África. É sempre porque está fugindo.
Quer dizer, ele até pode mudar de cidade ou fazer o mochilão, mas seu sentimento é sempre de fuga, ele não aproveita a viagem, a oportunidade, não conhece gente nova (ou conhece a quarta pessoa, o que dá na mesma).
Observando a vida das pessoas que conheço (e a minha própria) eu tenho estado cada vez mais ciente de que essas coisas que a gente acha que "só acontece em novelas" acontecem mesmo na vida real, e mais comumente do que a gente acha que pode acontecer. Todo mundo conhece alguém que conhece alguém que foi clonado, se apaixonou por um dalit ou descobriu, depois de velho, que foi separado de um irmão gêmeo ainda bebê. Você não?... Bom, mas tem gente que conhece. De verdade.
A gente sabe que sociopatas existem, que crianças são abandonadas no lixão e que muita estrela por aí já foi empreguete. É evidente, então, que deve existir gente por aí achando que só tem duas opções na vida (a saber: o grande amor da sua vida ou o que não é o grande amor da sua vida, mas quebra um galho). E deve ser mais comum do que eu imagino.
Particularmente, no entanto, eu não vejo tanta gente presa a duas únicas opções na vida . Fica-se um tempo presa ao último relacionamento, "curte-se uma fossa" mais ou menos prolongada, e volta-se para uma relação anterior. Mas, de uma forma geral, acho que a maioria das pessoas conhece mais do que duas outras pessoas na vida (mesmo as que acabam com alguém que já conheciam no passado), que o leque de opções é mais amplo do que se mostra.
Talvez seja para economizar artista.
Mas me dá um nervoso essa coisa das novelas...

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

um brinde aos noivos

Eis o que eu queria dizer no nosso casamento, mas não consegui porque engasguei só de tomar fôlego:

"Eu quero agradecer a todos vocês que vieram aqui, hoje, compartilhar esse momento conosco. E agradecer aos que não puderam vir, mas que estão pensando em nós, agora, e aguardando ansiosamente que as fotos sejam postadas no facebook. Eu sei o quanto muitos deles gostariam de estar aqui e como tentaram de todas as formas estar aqui.
Esse ano foi um ano muito complicado para nós. Nós chegamos a torcer para que ele acabasse logo e viesse logo um 2013 mais tranquilo. Eu tenho dito que 2012 será lembrado para sempre como o "ano da cambalhota", pois as nossas vidas viraram totalmente de cabeça para baixo e só agora estão virando de cabeça para cima de novo.
O Diego perdeu o emprego da forma mais bizarra possível, quando estava para começar a faculdade nova. Depois começou na B2W - o que lhe fez muito bem -, se mudou de mala, cuia e gata, para a minha casa, e ela passou a ser a nossa casa. Em seguida, eu perdi o emprego e este casamento, que nós planejávamos para 2013 foi adiado indefinidamente, até que as contas se acertassem.
No meio do ano, meu sogro ficou muito doente, e nós pensamos em adiantar o casamento, mas eu ainda não estava trabalhando, nem tinha previsão de começar nada, e nós ficamos só na vontade, até o dia em que meu pai fez a proposta que mudou o ânimo do ano.
Eu amo meu pai a ponto de engasgar sempre que tenho que falar dele, mas o fato é que nós não nascemos para trabalhar juntos. Se por um lado eu não podia ignorar a felicidade do Diego ante a perspectiva de que o pai dele estivesse presente à cerimônia, por outro eu tinha medo de que eu e o meu pai e as nossas cabeças duras não se entendessem durante todo o processo de preparativos.
Mas 2012 ainda tinha mais provas para nós. O velho Narciso, infelizmente, não vai aparecer nas fotos. E até nisso, nossos sentimentos foram testados: a tristeza de perder alguém tão querido confrontada pelo alívio de não vê-lo sofrer mais.Eu, particularmente, acredito que ele esteja aqui, hoje, em pé - como disse que estaria - com os sapatos novos que ganhou no dia dos pais.
Minha teoria é que os nossos anjos da guarda, nos ouvindo repetir incansavelmente que queríamos nos casar com tão pouco tempo de namoro pensaram: "ok, vocês querem casar, então vamos ver se vocês aguentam o tranco" e nos colocaram uma série de provas, amostras das dificuldades que poderíamos passar na vida a dois, juntas, num "intensivão pré nupcial"; talvez para que nós soubéssemos na prática que a vida nem sempre será um mar de rosas e aprendêssemos a ser o suporte um do outro.
Mas hoje o dia é só de alegria. Frustrações, tristezas, perrengues e chateações não foram convidados e não devemos deixar que entrem de penetras na nossa festa. Aqui, hoje, somente amigos, alegria, planos e esperanças renovadas. E nós convidamos todos a erguerem suas taças conosco.
Um brinde a nós, os noivos, à vida e à família que estamos começando, oficialmente, hoje. Um brinde ao meu pai, que nos proporcionou esta festa, aos profissionais que fizeram tudo como queríamos e a cada um de vocês, nossos amigos e familiares, que eu sei que estão torcendo pela nossa felicidade."

domingo, 30 de setembro de 2012

castramos a gata

Ontem nossa gatinha foi castrada. Eu a levei ao veterinário e fiquei lá enquanto ele castrava uma outra gatinha antes da Estrela e depois, enquanto era a minha filhote sendo operada. Desde então parece um bom teste de como será a nossa vida, um dia, com um bebezinho em casa.
Não, não pé a mesma coisa ter um bichinho saudável em casa e ter um bichinho operado em casa. Talvez funcione com cachorros, que são mais dependentes de tudo, mas não com gatos. Não com a nossa gata, pelo menos.
Primeiro, eu fiquei aflita de colocar a pobre Estrela na caixa e sair com ela de casa, imaginando o que se passaria na cabecinha dela, se estaria com medo, nervosa, ou se não estava nem aí pro passeio. Depois, fiquei nervosa vendo a primeira gatinha ser operada (por ela e por imaginar que a próxima seria a minha). Daí eu quase morri de dó de ver o veterinário fazendo o mesmo com a Estrela e de nervoso quando ele receitou os comprimidos que ela teria que tomar - por bem ou por mal - nas próximas semanas.
Quando saímos da clínica veterinária, a preocupação era evitar qualquer solavanco com o carro, de preferência que o carro mal se movesse, pra não incomodar nossa "pós operadazinha".
E aí finalmente chegamos em casa e, desde então, eu e Diego não paramos de olhar para ela a cada cinco minutos, pra ver se está bem, se mudou de posição, se comeu, se bebeu água.
Ela não comeu nada ontem. Fechamos as portas para que ela não saísse muito das nossas vistas e quase não dormimos direito, com medo de ela estar sentindo dor e nós não nos darmos conta. A roupinha cirúrgica, ela tira do lugar, é preciso ficar de olho para que o curativo não fique ao alcance da boca.
Ontem ela estava toda "grogue", já levantava caindo de lado, meio capenga. Saímos de casa com o coração apertado e voltamos correndo para ver se estava bem. Hoje, com ela melhorzinha, trouxemos o colchão da cama para o chão da sala (assim ela podia "subir na cama" sem fazer muito esforço) e ficamos todos de preguiça, nós dois vigiando a gatinha que quase só dormiu.
Ela está melhor. Já comeu, está mais esperta, mas levanta, anda um pouquinho e deita de novo. Amanhã vai passar o dia sozinha em casa e nós já estamos com o coração na mão por conta. É a nossa filhinha, xodó da casa. E a gente reclama, mas não aguenta quando ela não está espoleta, correndo, pulando, e mordendo o pé da gente na hora de dormir.

domingo, 23 de setembro de 2012

A segunda é sempre melhor

Está eternizado no dito popular e ninguém discorda: a primeira vez é sempre a mais difícil. Se essa é a sua primeira vez em seja lá o que for, a realidade é assustadora, como se você começasse um jogo pelo nível 10 de dificuldade. Parece, não que é mais difícil justamente por ser a primeira vez, mas que é mais difícil além de ser a primeira vez. A sensação é de "puxa, nem sei se estou 100% preparado e já tenho que começar pelo mais complicado! Será que não dá pra deixar alguém com mais experiência fazer isso pela primeira vez e me deixar fazer uma terceira ou segunda, pelo menos?" Pois é, não dá. Você tem que fazer pela primeira vez primeiro.
A boa notícia é que, coroando seus esforços, vem a segunda vez. Ah! a segunda vez... essa sim. Não tem a pressão da primeira, não é mais vagar pelo completamente desconhecido, mas ainda tem as alegrias de se descobrir os detalhes e as nuances de uma situação nova na sua vida. Depois disso, na terceira, quarta, quinta vez... aí você já sabe como tudo funciona e a coisa pode até começar a perder o encantamento, entrar no automático, virar rotina. A segunda vez é a mais perfeita. Observe que é na segunda vez que você assiste a um filme que você descobre todos os detalhes que passaram despercebidos da primeira vez porque você estava ocupado demais prestando atenção na trama.
Lembre-se do seu primeiro beijo, por exemplo. Certamente não foi o melhor da sua vida. Pode até ter sido bom e você pode até considerá-lo o mais especial (não é o meu caso, particularmente), mas o melhor, com certeza, não foi! O segundo, com certeza, foi melhor. Muito melhor. E é bem possível que outros ainda melhores tenham vindo depois, talvez outros segundos.
Sim, porque essa é a parte legal da estória: a primeira vez (e a segunda) vale para tudo e para tudo dentro desse tudo. Ficou confuso? Entenda, o primeiro beijo em cada pessoa que você beijar será um primeiro beijo. Não tão primeiro quanto o primeiro, em que você não tinha experiência nenhuma, mas o primeiro com aquela pessoa. Quer dizer, você pode já ter beijado 100 outras pessoas na sua vida, mas aquela na sua frente nesse momento, é a primeira vez. Você pode estar completamente apaixonado e ela também, mas ainda não sabe como vai ser, se o beijo vai "encaixar" ou não, se vai ter um segundo ou se vai ser decepção total.
Mas aí, tudo dá certo e vem o segundo. No segundo, é só partir pro abraço!
Quer outro exemplo: de pouco tempo pra cá, o SENAC vem me honrando com a oportunidade de facilitar - como se diz hoje em dia - alguns módulos de seus cursos relacionados à Hospitalidade (hotelaria, turismo, eventos, gastronomia,...). Falando diretamente: virei professora. Eu. Professora.
Eu, que por muito tempo vi minhas provas dissertativas da faculdade voltarem corrigidas com um "muito sucinto" escrito pelo professor no final de cada resposta (eu e a Manu). Eu devia ser palestrante, não professora. Palestrante é que pode falar tudo de uma vez, sem deixar nada para o dia seguinte. Professor tem que desenvolver os assuntos. 
Não, mas eu posso fazer isso. Eu aprendo, eu pego o jeito. Basta que eu sobreviva à primeira vez... E lá fui eu para Duque de Caxias (também pela primeira vez) descobrir minha vocação para o ensino.
No primeiro dia de aula, me vi três ou quatro vezes envolvida no seguinte diálogo:
- É a primeira vez que você dá aula aqui no SENAC?
- É a primeira vez que eu dou aulas na VIDA!
- Nossa, sério? Nem fala isso pros alunos.
Eu sou extremamente tímida com minhas relações pessoais, mas nunca tive problemas para falar em público (apresentar trabalhos, dar recados, esse tipo de coisa). Não gaguejei nem nada, entrei na sala e comecei a falar sobre o módulo, a apostila, o assunto da primeira aula. Cerca de dez minutos depois, me dei conta de que não tinha me apresentado nem pedido à turma que se apresentasse. Parei o que estava falando, fiz as devidas apresentações e voltei pro assunto. Quatro horas falando sem parar. No fim da aula, vi que já tinha passado da metade da apostila. Pânico total! Era um módulo pequeno, três dias de aula, apenas. Ainda assim, fiquei lá me perguntando sobre o que falaria nas duas aulas seguintes e em como avaliaria a turma (não, eu não tinha pensado nisso, ainda). Terminei a apostila, revisei, re-revisei. No fim, apesar dos tropeços, deu tudo certo, eu acho. Ao menos não recebi reclamações, e ainda me convidaram para facilitar o módulo novamente. Da segunda vez, eu já tinha uma ideia de onde me demorar mais e onde passar mais depressa, e programei melhor as aulas e avaliações para não esgotar o assunto de uma vez.
Bingo! É claro que ainda há muito que pode ser melhorado, mas as coisas já estão com uma direção definida a ser seguida.
Acontece que, então, me chamaram para facilitar um outro módulo. Lembra do que eu falei sobre o beijo? Eu consegui fazer uma apresentação bem melhor no primeiro dia, claro, conversar mais com a turma antes de começar a "matéria", saber mais ou menos o perfil de quem estava ali e que expectativas tinham. Ainda assim, a linguaruda aqui falou demais logo na primeira aula e teve que começar logo a pensar em como não falar de tudo de uma vez nas aulas seguintes (esse módulo era bem maior que o primeiro, doze dias de aula, com quatro horas cada). Comecei a pesquisar mais os tópicos a serem tratados, vídeos, fotos, pensar em dinâmicas, etc, etc, etc. Como já tinha alguma experiência, as coisas estão se acertando já na primeira vez, mas devo admitir que já espero ansiosa pela segunda vez.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Como você sabe

Você sabe que ele é o cara certo quando ele acha que você fica linda de cabelo preso, do jeitinho que você sempre gostou de usar e todos os outros reclamavam e pediam pra você soltar. Sabe? Aquele "Amor, solta esse cabelo, você fica tão linda com ele solto!"
Você sabe que é o cara quando ele nem tá te "pegando" direito, ainda, e passa boas horas da madrugada dele com você no Tijutrauma, apesar de o acidente ter acontecido no fim da tarde, na porta do hospital, apesar de ele ter insistido pra você ir na emergência ali mesmo, e você ter dito que não precisava, que logo ia passar, e ter ficado sentindo dor até tarde da noite, quando finalmente resolveu ir ao hospital.
Se ele se der o trabalho de colocar todos os bilhetinhos que escreve para você no Google translator porque sabe que você queria muito falar dinamarquês (e traduzir os bilhetinhos pra você, depois, porque sabe que você ainda não fala nada de dinamarquês) e se em vez de eu te amo ele disser "Jeg elsker dig" só porque você acha fofo, ele realmente gosta de você!
E se ele olhar para você da porta do elevador e disser: "amor, eu te amo tanto que... coça!", o que é que você faz além de se derreter?
É uma boa pista de que ele é o cara certo se você está explodindo de raiva de qualquer coisa, tagarelando e amaldiçoando o mundo e ele consegue te acalmar. Depois de te ouvir até o fim, quietinho. É capaz até de te fazer rir.
Se ele disser que topa te seguir aonde você quiser ir (tipo a Suécia, por exemplo) - mesmo que não seja tãaaao do fundo do coração assim - vale a pena prestar atenção.
Você sabe que ele é seu número quando ele se diverte com os seus comentários maldosos e o seu humor negro, assim, em "off", e quando ele te faz passar mal de tanto rir nos momentos mais inoportunos (tipo a igreja, no meio de uma cerimônia de casamento, digamos) por telepatia, só de olhar pra você, porque você sabe o que ele está pensando. Aliás, capacidade telepática é sempre uma boa pista de que é ele mesmo.
Você tem certeza de que ele te ama quando ele vai conhecer seu pai no estádio de futebol, no meio da torcida do seu time (que, à propósito, não é o dele), sem poder gritar um palavrão... Aliás, se ele te "ensinar" um palavrão para ser dito em quase qualquer situação (menos na frente dos seus pais e, um dia, das crianças), não deixa ele escapar!
Se você estiver gripada, de pijama velho, cara de que um caminhão passou em cima, e ele olhar pra você daquele jeito que faz sua autoestima subir vários níveis, e se, além disso tudo, ele aturar todos os sintomas da sua TPM sem reclamar (muito), torce para isso durar pra sempre e casa com ele!

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

festa no apê do hospital

Eu queria abrir este post com um palavrão bem grande, mas ia ficar deselegante. No entanto, apesar da minha decisão de não escrever literalmente o que está na minha cabeça, preparem-se: o que vem a seguir não é muito mais elegante.
Mães sem noção estão ultrapassando todos os limites e fazendo festinhas na maternidade, com direito a garçom, champanhe e tudo mais. Não é mais uma ou outra artista sem noção, tá virando moda, segundo reportagem da revista Veja.
Naquele momento em que a mãe deveria estar descansando com seu bebê, contando os dedinhos; no momento em que lhe é "permitido" estar inchada, descabelada e sem maquiagem para pensar apenas na sensacional experiência de trazer ao mundo uma pessoinha que deveria, então, ser o centro do seu mundo; nesse momento elas fazem invadir a maternidade, maquiador, cabelereiro, buffet, garçom, fotógrafo e sei lá quantas pessoas mais para se exibir. (http://vejario.abril.com.br/edicao-da-semana/festa-na-maternidade-699200.shtml).
Sim, isso é exibicionismo puro! É querer mostrar que pode.
É como as mega produções das festas de aniversário de um ano, mas com um agravante: é feito dentro de um hospital, com o aval da direção do hospital, ignorando a necessidade do bebê recém nascido de estar tranquilo ao lado dos pais.
A festinha de aniversário pode ser exagerada, eu não tenho nada com isso e nada contra isso. Eu não faria, mas se os pais têm dinheiro e querem fazer, problema deles. Mas isso de encher a maternidade de gente, comida, decoração e, principalmente, bebida, no primeiro dia de vida do bebê, é absurdo!
Mais absurdo: os hospitais permitem esse circo todo, mas não permitem que uma doula acompanhe a parturiente na sala de parto. O Conselho de Medicina e a direção dos hospitais deixam entrar câmera fotográfica, filmadora, pai que desmaia, mãe que chora, irmã que trava de nervoso, um monte de gente sem o menor preparo para este momento, mas não permite que uma pessoa treinada para ajudar - e igualmente escolhida pela mãe - entre na sala de parto.
Dá pra entender?

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Não, obrigada!

Já aconteceu comigo algumas vezes: um barzinho, com amigos e amigos de amigos (com quem eu não tenho a menor intimidade ou mesmo que estou encontrando pela primeira vez)...
Alguém: cerveja, pessoal? um, dois, três...
Eu: pra mim não, obrigada
Alguém: Ué, por quê?
Eu: não bebo. Quero um suco de laranja, por favor.
Alguém: Como assim? Vai beber suco de laranja?
Eu: Vou, ué, por quê?
Alguém: Coisa chata. Todo mundo tomando cerveja e você vai pedir um suco de laranja?
Eu: Vou.
Alguém: Que isso? Toma uma cervejinha aí, pra relaxar, ficar mais alegre,...

Essa é a hora em que eu começo a fazer cara feia. Não porque não existe álcool no meu sangue para me fazer uma pessoa feliz e relaxada, mas porque tem um mala me enchendo a paciência, como se a cerveja dele fosse chocar só porque o meu pedido foi diferente. Ai,... Não tenho paciência! E o pior: geralmente é alguém a quem eu não dei a menor confiança, a menor abertura pra palpitar assim na minha bebida.
Se o tal cidadão tivesse ficado na dele e bebido sua cervejinha, nós todos teríamos terminado a noite felizes, conversando animadamente, ele e o resto da mesa com sua cerveja, eu com o meu suco de laranja. Mas não, ele tem que vir me dizer que eu tenho que fazer como todo mundo faz porque..... é isso o que todo mundo faz. Mal sabia ele que essa é uma das coisas que mais rapidamente acabam com o meu bom humor.
Não, essa Maria não vai com as outras. Nunca foi. Por personalidade e por educação.
Eu fui educada para não fazer as coisas só porque todo mundo faz. Meus pais certamente tinham o propósito principal de evitar que eu fizesse coisas erradas só porque alguém fez, mas acabou servindo para tudo. Agradeço imensamente a eles por isso e espero conseguir ensinar o mesmo aos meus filhos: que façam bom proveito do seu livre arbítrio. Afinal, tem coisas na vida que a gente tem que fazer, mas tem muitas coisas que a gente só faz se quiser. E fazer só para agradar os outros, para provar algo a alguém ou fazer parte de um grupo, geralmente, é a coisa menos inteligente que uma pessoa faz.
Apesar disso, estranhamente, todos os dias milhões de pessoas o fazem. Fumam "porque todo mundo fuma", experimentam "porque todo mundo experimenta", transam "porque todo mundo transa" ou bebem "porque todo mundo bebe", etc, etc.
É que, se você não segue o fluxo, tem que ficar se justificando. Vai ter um perguntando de seu pai não deixa, outro perguntando se é religião e um outro perguntando se você "tá com medinho". E tem bocoió que cai na pilha.
Dica: você não precisa se justificar. "Não estou a fim" é o suficiente para encerrar o assunto.
Afinal, eu não peço para ninguém deixar sua cervejinha de lado e me acompanhar num delicioso suco de laranja!

domingo, 19 de agosto de 2012

Quer saber da minha vida? Então faça parte dela!

Minha amiga Ligia recentemente esteve na Itália e me mandou um postal, que encontrei na minha caixa de correspondência na última semana. Ela tinha feito o mesmo quando de sua viagem ao Japão, mas acho que desta vez não cheguei a dizer-lhe que o recebi e o quanto fiquei feliz em recebê-lo, por isso peço licença para registrá-lo, agora: Lili, eu amei a surpresa!
Para minha querida amiga Mariana, que coleciona postais enviados pelos amigos viajantes, eu enviei um de cada país que visitei - alguns escritos a "quatro mãos", em parceria com amigos em comum. Ela, claro, fez o mesmo em suas viagens.
Receber um cartão postal é o mais próximo de receber uma carta a que chegamos nos dias de hoje. Já não se escrevem cartas contando as novidades ou dizendo ter saudades. Talvez já não se sinta tanta saudade com tantas opções tecnológicas para enviar fotos, vídeos, e mesmo conversar "ao vivo", em videoconferência.
Me sinto uma velha dizendo isso, mas essa geração não conhece a felicidade de abrir a caixa de correspondência e achar algo mais que contas. Seja o cartão que chega de surpresa, seja a resposta a uma carta que se espera ansiosamente.
Receber um postal causa a mesma alegria que receber uma carta e receber uma carta não é como receber um e-mail. Não é como ter uma nova publicação no seu mural ou o comentário de um seguidor no twitter. A carta tem personalidade. Desde o papel até a caligrafia de quem a escreveu - e mesmo as rasuras no texto -, a carta parece nos deixar mais próximos de quem a enviou. A carta permite um contato físico, é como a diferença entre folhear um livro e lê-lo na tela do computador.
Quando eu era mais nova e o computador não era usado para mais do que trabalhos escolares, costumava trocar cartas com alguns amigos. Uma amiga, em especial, era conhecida apenas por cartas. nunca nos encontramos. Outro, conheci somente algum tempo depois de começarmos a nos corresponder.
Com minhas amigas gaúchas troquei cartas que chegavam a ter resposta na caixa do correio já no dia seguinte ao seu envio (se pusesse a carta no correio de manhã, ela chegava no mesmo dia).
Em todos os casos, a frequência com que nos dávamos notícias caiu consideravelmente quando começamos a fazê-lo por e-mail e mais ainda quando apareceram as redes sociais.
Eu não desmereço as redes sociais. Juro que não. Elas te dão a vantagem de poder procurar pessoas que não vê há tempos, com quem perdeu contato e de quem, dificilmente, conseguiria o endereço ou telefone se não houvessem amigos em comum. De quebra, pode descobrir um pouco do que aconteceu em suas vidas nesse meio tempo. Se casou, se teve filhos, se foi morar em outra cidade. Quase nem precisa marcar um encontro para colocar as novidades em dia. Dependendo dos filtros e bloqueios do perfil pesquisado, você nem precisa que o outro aceite um pedido de amizade seu. É fácil, rápido, e... superficial.
Não sei se é porque eu nunca fui "popular" mesmo ou se por temperamento, mas não vejo muita utilidade em "colecionar" contatos. Não tenho um milhão de amigos, não adiciono gente que não conheço e não saio adicionando todo mundo a quem sou apresentada. Mais ou menos regularmente, faço uma "limpa" na minha lista de amigos e retiro aqueles com quem não existe interação frequente. Me dá um nervoso pensar que o que coloco na rede para dividir com os meus amigos, um monte de outras pessoas - que não estão, necessariamente, interessadas no que eu tenho a dividir - verão também. São fotos pessoais, comentários pessoais, opiniões pessoais. Não é como um post no blog, escrito para todo mundo ler. O que eu posto no facebook é para os meus amigos e familiares verem. Só.
Isso quer dizer o seguinte: se você descobrir que não está mais entre os meus amigos, não fique magoado. Não quer dizer que eu não vá com a sua cara, apenas que não conversamos. Você, provavelmente, nem lembra que eu estou ali ou entra no meu perfil de vez e quando somente para olhar o que há de novidades. Não conversa, não comenta, não curte, não dá notícias suas. Talvez me dê os parabéns no meu aniversário, mas não passa disso.
Eu, provavelmente, faço o mesmo com você. E como acho isso meio doentio, prefiro removê-lo da minha lista de amigos. Não é algo irrevogável. Não há magoa nisso. Apenas, por algum motivo, nos afastamos. Isso já aconteceu com outras pessoas em nossas vidas e certamente voltará a acontecer com outras mais. No momento em que de alguma forma nós nos reaproximarmos, podemos novamente ser amigos virtuais.
Acontece que, se estivéssemos nos tempos das cartas, você não saberia nada da minha vida sem falar comigo, então por que, virtualmente, o negócio tem que ser diferente?

terça-feira, 14 de agosto de 2012

o fim do longuete

No início do mês, eu e mamãe fomos às compras. O objetivo era encontrar o vestido da mãe da noiva. Minha mãe não queria um vestido longo, uma vez que a festa será no jardim de casa - "vai arrastar no chão e estragar a barra do vestido", ela dizia - portanto saímos em busca de um longuete.
O primeiro desafia foi convencer as vendedoras de que a noiva estava de acordo que a mãe não usasse um longo. Imagina! Que absurdo! A mãe da noiva tem que estar de longo! E nós explicávamos, uma vez mais, que o casamento era no jardim de casa, num clima mais informal, e que eu - a noiva - estava, sim de acordo com o comprimento desejado por minha mãe.
Aí vinha a parte difícil: achar um vestido longuete. Aparentemente já não existem vestidos nesse feitio. Coisa rara. Vestido, hoje em dia, ou é longo ou é curto. Bem curto. Minivestido.
Sim, porque "na minha época", o longo era até os pés, o longuete no meio da panturrilha, o curto na altura dos joelhos e o mini no meio da coxa. Do tamanho que se usa hoje é micro.
Eu mesma já tinha passado por esse problema um mês antes, procurando um vestido para um casamento, como convidada. Ou longo ou curto. Acabei com um longo porque achei um vestido lindo remarcado, mas até aí estava bem frustrada. Queria algo na altura dos joelhos, mas mais pra baixo. Achei um ou dois modelos para experimentar, só. Sem "margem de erro" para um caimento que não fique bom, um preço acima do previsto ou uma cor que não lhe favoreça.
Minha mãe voltou para casa com um vestido curto, logo acima dos joelhos, mas ainda elegante e digno de uma senhora de seus cinquenta anos. Ficamos as duas satisfeitas, mas esse achado não foi feito em uma loja de vestidos de festa.
Na verdade, eu cheguei a discutir com a vendedora de uma das lojas, que insistia em dizer que a arara que nos mostrava era a dos longuetes, que "eles agora vinham nesse comprimento mesmo", na altura dos joelhos. Me irritou profundamente! Os vestidos eram do tamanho de uma blusa mais compridinha, minha. Mesmo em uma moça mais baixinha, ele ficaria curto, mas na minha mãe... será que a vendedora realmente achou que minha mãe usaria um vestido daqueles? nem eu usaria um vestido daqueles!
A questão é: quem foi que decidiu que eu tenho que me vestir feito a Suellen? O que aconteceu com as roupas que cobrem o suficiente dos nossos corpos para que fiquemos confortáveis em qualquer situação? É a moda. Só se vende saia curta. Bem curta!
É a moda? Será que não dá pra se fazer uma moda mais democrática? Uma moda para todos os gostos, corpos e idades?
Encontrar roupa para trabalhar é um custo. Até os modelos sociais estão encurtando. Encontrar um vestido com o qual se possa sentar e abaixar sem mostrar mais do que se deve é desafiador! A saída, quase sempre, é ir de calça. Ou de longo, enquanto ele ainda existe.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

abaixo as senhoritas

Um tempo atrás, não me lembro como, eu cheguei a um artigo sobre um movimento das feministas francesas para que se acabasse com o pronome Mademoiselle. Segundo as moças francesas, essa diferenciação entre a mulher solteira (mademoiselle) e casada (madame) - que não existe entre os homens - e a consequente diferença de tratamento que ela insinua, é uma das mais enraizadas "tradições" machistas da nossa sociedade, visto que, como alega o grupo Osez le Féminisme:

"transmite a impressão de que uma mulher só alcança sua plenitude depois de casada, quando, então, a 'madame' (senhora) se iguala ao 'monsieur' (senhor)". (http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/20057/franca+abandona+termo+mademoiselle+em+documentos+publicos.shtml)

À primeira vista, pode parecer besteira, coisa de quem fica procurando chifre em cabeça de cavalo (como aliás, se diz de tudo o que é considerado "feminista"). O fato, no entanto, é que a privacidade da mulher era invadida, a condição de seu relacionamento (ou a não existência dele) exposta, enquanto, em momento nenhum, ninguém se metia na vida dos homens. Não interessava a ninguém se o sujeito era solteiro, enrolado, casado, "juntado" ou desquitado. O tratamento era o mesmo. Somente a mulher era obrigada a informar seu estado civil, mesmo que indiretamente, ao ser perguntada se mademoiselle ou madame.
Sim, era. Não é mais. Em fevereiro, o gabinete do primeiro ministro anunciou que o termo não pode mais ser utilizados em documentos públicos. Ponto para elas. A luta das feministas, agora, é para convencer as empresas privadas a seguir o exemplo.
É possível que você, lendo isto, pense: "oras, mas que mal tem isso? Sempre foi assim e ninguém nunca reclamou antes! Até parece que isso vai resolver todos os problemas, banir o machismo da face da Terra. E até parece que essa mulherada não vê que tem um monte de coisas muito piores acontecendo por aí!"
Acontece que, primeiro: um monte de coisas que "sempre foram assim" só deixaram de "ser assim" porque alguém brigou por isso. E o fato de sempre terem sido assim não significava que eram boas. As mulheres não votavam, não trabalhavam fora, não estudavam. Não escolhiam sequer seus maridos. E precisavam estar sempre sob a "custódia" de um homem ou serem castas viúvas para serem respeitadas (basta assistir a alguns capítulos de Gabriela para ver como as coisas funcionavam nem faz tanto tempo assim).
Sempre tinha sido assim e continuaria sendo se alguém não tivesse brigado pela mudança. E essa iniciativa, com certeza, não seria tomada por um homem, pois que a vida deles estava muito confortável do jeito que sempre tinha sido.
Em segundo lugar, o machismo e todos os preconceitos e atrocidades que dele derivam não serão extintos de uma hora para outra. É preciso dar um passo de cada vez. E o passo que as francesas deram é, a meu ver, muito importante, sim, se você olhar para a frente. As futuras gerações não conhecerão a diferença de tratamento entre uma mulher solteira e outra casada como a conhecemos e, assim sendo, não farão essa distinção. E é assim que se acaba com um "pré-conceito".
Da mesma forma como para nós, hoje, é óbvio trabalhar, votar, dirigir e tantas outras coisas que nossas antepassadas tiveram que brigar muito para conseguir, para os filhos dos franceses será óbvio que um homem é um homem (e será chamado monsieur) e uma mulher é uma mulher (e será tratada por madame), independentemente de seu estado civil. Eles até saberão que essa diferença existiu um dia, mas ela não fará parte da sua realidade.
Acho a iniciativa louvável.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Você é bom?

Eu fui criada muito mais dentro do espiritismo que de qualquer religião. É nele que estão todas as coisas em que eu acredito e é por causa dessas coisas que eu tento ser uma pessoa sempre melhor. Eu acredito que se fizer e pensar o bem, fico cercada de boas energias e, consequentemente, mais protegida das más energias (que algumas pessoas cismam em emanar pra cima e mim). Eu acredito que as pessoas têm uma missão na vida, lições a aprender e que todos, mais cedo ou mais tarde - nesta ou em outra encarnação - pagarão por seus maus atos, sem que eu precise mover uma palha. Assim sendo, ficar desejando o mal do outro só atrapalha a mim mesma. "Retarda a minha evolução espiritual", como eu costumo dizer. É perda de tempo. Tempo que, aliás, poderia e deveria ser usado para algo mais construtivo que desejar o mal alheio.
Ainda assim, tem vezes que eu fico que nem a Chayenne, pensando "exploda, ser do pântano, exploda". É que tem gente, meu amigo, que no mínimo uma dor de barriga você devia ter o direito de desejar!
Não importa qual seja a sua religião, ela provavelmente vai dizer que você deve ser uma pessoa boa, amar e perdoar o próximo e fazer o bem. Isso provavelmente significa desejar o bem também. Quanto melhor você for de coração, maior será a sua recompensa (especialmente porque se você for bom de verdade não estará pensando em uma recompensa por isso. A falsa bondade não redime ninguém). E o mais incrível é que, aparentemente, tem gente que consegue mesmo ser assim!
O Lulu Santos disse em sua música que "não desejava mal a quase ninguém". Quase. Ninguém, ninguém mesmo, é muito difícil! Requer muito desapego, muita fé, muito... sei lá. Eu não sei como é isso.
Eu, assim como o Lulu, não desejo mal a quase ninguém. E quando desejo, juro que não é muito mais que aquela dor de barriga. Mesmo assim, eu me envergonho, porque no fundo do meu coração eu queria ser uma dessas pessoas boas que tudo relevam, que dão a outra face. 
Acontece que, aparentemente, a minha evolução espiritual ainda não chegou nesse nível. Eu sou do tipo que guarda mágoa, que demora a esquecer. E se não gasto mais tempo desejando o mal aos meus desafetos, por outro lado, não consigo não ficar feliz quando sei que eles se deram mal de alguma forma. Aquela sensação de "bem feito! Agora teve o que merecia". É horrível, mas é bom. E eu me pergunto como aquelas outras pessoas conseguem ser tão boas que nem essa alegriazinha sintam? Como se compadecem dos que jamais se compadeceriam delas? Será que eu sou uma pessoa ruim? 
A minha terapeuta diz que não. Diz até que eu tenho o direito de sentir raiva e que essa "alegriazinha" faz parte do ser humano. Tomara, porque eu acho que vou precisar de umas cinco encarnações pra compensar a alegria que senti com umas coisas fiquei sabendo na semana passada...


quarta-feira, 1 de agosto de 2012

O talento que o mundo não viu

Nos primeiros anos da minha infância, eu e meus primos maternos nos encontrávamos quase que exclusivamente nas férias e, algumas vezes, na semana santa. Nessas ocasiões, criávamos montávamos, ensaiávamos e apresentávamos espetáculos para a família. Minha tia, professora de artes, sempre tinha em casa restos de papéis coloridos, brilhantes, lápis de cor, folhas e tudo mais que precisávamos para nossas grandes produções, geralmente comemorativas de natal, páscoa ou ano novo. Eram teatrinhos, musicais, apresentações de ginástica ou algum "programa de variedades", que normalmente começava com uma ideia, passava por uma briga minha com a minha prima e terminava com meu primo rindo sem parar de alguma coisa que acontecia durante a apresentação e meu irmão ficando revoltado porque a falta de concentração dele tinha estragado tudo! E saía do "palco" emburrado, apesar dos aplausos da plateia familiar.
Acho que devíamos todos ter ido parar num curso de teatro.
Aliás, minha mãe devia ter me colocado na aula de teatro na primeira vez em que me colocou de castigo.
Se eu tivesse ficado de castigo mais vezes, talvez nem de aula de teatro precisasse, mas eu era uma menina boazinha e ficar de castigo não era uma rotina na minha vida. Além disso, aconteceu algumas vezes de eu ficar de castigo apenas fechada no quarto, podendo assistir televisão ou desenhar, e isso resolvia o problema.
Mas quando eu estava de castigo mesmo, sozinha no quarto, sem maiores distrações, aí o negócio era legal. Aí toda a minha imaginação se fazia presente, e em segundos eu virava a princesinha sofredora, presa na masmorra da  mais alta torre do castelo. Eu juro que não era chantagem emocional, e que eu não fazia de propósito pra deixar minha mãe com remorso, mas lá estava eu, no quarto, a voz chorosa, em monólogo:
"Eu era tão feliz! Antes eu podia andar livre por aí e agora estou aqui! Presa! Acorrentada! Blá, blá, blá..." Não sei se tinha um texto pronto que se repetia ou se eu inventava um na hora, mas devia ser sempre bem parecido com a Cinderela sendo trancada no quarto pela madrasta má quando chegam os comissários do rei com o sapatinho de cristal, na esperança de encontrar a dona do pezinho que apaixonou o príncipe.
Uma gritaria de desespero, uma choradeira, uma lamentação... rapidinho minha mãe se enchia daquela ladainha e eu estava liberada do castigo!
Aí eu acho que perdia a graça... Porque eu já estava ali, personagem incorporado, emoções à flora da pele.
Por isso eu acho que ela devia ter me colocado na aula de teatro. O talento para o drama eu já tinha comprovado e provavelmente teria me ajudado a vencer a timidez, de forma que o grande público - e não apenas a família, teria a chance de ver todo aquele talento que transbordava nos meus momentos a sós. O "grande público" nunca chegou a saber o que perdeu...
Em 1991, nós morávamos em São Leopoldo (RS) e a escola em que eu estudava fazia, mensalmente, uma espécie de "dia de talentos". Cada série preparava um pequeno espetáculo - podia ser uma peça, uma música, qualquer coisa - para apresentar. Num determinado mês, as professoras da minha série decidiram que um aluno declamaria um poema gaúcho. Distribuíram o bendito poema (de pelo menos umas seis estrofes longas) aos alunos e esperaram pra ver, ente os que o decorassem todo, quem iria apresentá-lo.
Eram duas turmas. Eu fui a única a decorar o bendito poema. As professoras me pediram quase de joelhos que declamasse os tais versos, mas foi em vão. A vergonha falou mais alto e ninguém ia me convencer a subir naquele palco, diante de todas as turmas da manhã, e dizer uma palavra. Muita gente! Muito alto! Foi uma outra menina e declamou só as primeiras estrofes.
Nos anos seguintes, sempre que tinha peça de teatro na escola eu era a primeira a me candidatar. Para os bastidores. Criava cenários, arrumava figurinos, até trilha sonora eu cheguei a fazer, mas tinha calafrios só de pensar em ir para o palco. Sabia todas as falas, de todos os personagens, decoradas, e ficava arrasada quando os colegas esqueciam as suas em cena, mas não ia.
Apresentar trabalho não era problema, dar recados como representante de turma não era problema, mas interpretar... Essa vocês perderam.



segunda-feira, 30 de julho de 2012

é pro fantástico?

Quando eu era solteira, morava sozinha e não trabalhava nas tardes de domingo (o que nos remete a um longínquo tempo de faculdade), eu costumava ficar acordada até o mais tarde possível nos sábados para me certificar de que dormiria até bem tarde no domingo (não que eu precise de muito cansaço para dormir até tarde). Daí enrolava na cama mais um tanto, tomava um banho beeeeeem demorado arrumava alguma coisa para comer e ia ao cinema. Sozinha mesmo. Com sorte, chegava em casa já pela hora do Fantástico e não tinha que ficar reclamando a má sorte de não ter TV a cabo em casa. Ir ao cinema sozinha não me incomodava, o que me incomodava era o Faustão. O Gugu conseguia me fazer dormir e nem me lembro quais eram as outras opções, na época. Lá no meio da tarde ainda tinha o futebol e a minha internet era discada, sem grandes atrativos.
Hoje, na hora do futebol eu não escapo. Tenho que arrumar outra coisa pra fazer porque tem homem na casa e do tipo que assiste até campeonato colegial, se deixar. Para o horário do Faustão, alugamos algum filme, já que nem a TV a cabo é garantida nas tardes de domingo.
A questão é que naquela época do cinema, eu achava o Fantástico um programa legal. Não chegava a ser "fantástico", mas distraía bem o fim de domingo. Não sei se eu fiquei mais crítica ou se o programa está perdendo a graça, mas tenho achado as reportagens tão chatinhas e sem conteúdo que eu prefiro ficar jogando paciência no celular a maior parte do tempo. O único que realmente se salva é o Tadeu Schmidt - esse sim, digno do nome do programa. Acontece que por melhor que ele seja, não parece certo que a melhor parte do Fantástico sejam os gols da rodada.
Hoje, por exemplo: nós alugamos um DVD depois de assistir algumas competições olímpicas e não vi o começo do programa. Na hora em que sintonizei a emissora, estavam apresentando um pseudo júri popular, formado por fãs do casal Robert Pattinson e Kristen Stewart para julgar a infidelidade da moça. Verdade ou montagem? E se foi verdade, ela merece ser perdoada? Eu consigo até entender que as pessoas gastem seus momentos de ócio discutindo esse tipo de coisa com os amigos e mesmo nas redes sociais, mas virar matéria do "horário nobre" do domingo? Sério?
Em seguida veio a estória do casal Mundinho e Gerusa. Que não são da Bahia, que não viveram um amor proibido que não... nada. Que de comum com o casal da novela só têm o nome que, ok, o dela os pais deram por causa da personagem, mas de resto, o que mais tem nesse país é Raimundo (tá, o que mais tem é José e Maria, mas Raimundo é o 14o da lista de mais populares http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2011/11/confira-lista-completa-com-os-50-nomes-mais-populares-do-brasil.html)! Frustrei. Achei que ia encontrar mais semelhanças entre os personagens da novela e os reais...
Como hoje eu não vi os gols da rodada, a melhor parte foi o mago das receitas. Não porque o quadro seja super legal, mas porque o meu digníssimo odeia e reclama pra caramba do início ao fim. Tem dias que eu simplesmente mudo de canal, mas hoje foi um dos dias em que eu achei graça de ouvi-lo resmungar de tudo o que o pobre Felipe Bronze fez (e eu até achei que a cara ficou boa).
Depois nós conseguimos achar um bom filme passando em algum outro canal e ficou por isso mesmo.
Não sei se sou só eu, mas sinto os domingos ficando cada vez mais vazios e sem graça. Deve ser um sinal pra gente sair da frente da televisão e ir à praia, ler, jogar bola, passear com o cachorro, conversar com os amigos, passar mais tempo com a família ou namorar mais. Com a TV desligada. Mas será que a gente consegue?

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Sobre nomes. Sobrenomes

Meu avô paterno se chama Ivair Brito Peres. Minha avó tinha por último nome de solteira Gonçalves. Por algum motivo desconhecido, quando se casou, em vez de passar a assinar Maria Gonçalves Peres - como seria de praxe - minha avó passou a assinar Maria Gonçalves Brito e, da mesma forma, meu pai e minhas tias foram registrados com o sobrenome Gonçalves Brito.
Meu futuro sogro se chama Narciso Gonçalves Pires. Se as coisas tivessem acontecido como "deveriam", eu teria o sogro Gonçalves Pires e o pai Gonçalves Peres - o que seria uma coincidência divertida. Eu seria Juliana Peres, em vez de Juliana Brito, e, sendo meu noivo Diego Pires, se eu passasse a usar seu sobrenome após o casamento, seria Juliana Peres Pires (olha o ridículo hahaha).
Isso se eu tivesse casado a alguns anos atrás ou em outro cartório, porque a lei diz que você tem o direito de adicionar o sobrenome do seu cônjuge ao seu, somente, e muitos cartórios já não permitem que a mulher suprima o sobrenome da mãe ao adicionar o do marido, como sempre se fez. O cartório em que nos casaremos é um desses.
Assim, como não posso virar Juliana Brito Pires e como Teixeira de Freitas Brito já é sobrenome longo o suficiente para uma pessoa, eu optei por não colocar mais um nome na fila e manterei meu nome de solteira após o casamento.
A sensação é estranha. As pessoas dizem que assim é mais fácil, não tem que tirar todos os documentos de novo e se o casamento der zebra, não tem que desfazer tudo uma vez mais. Pra mim, soa meio agourento, como se você já casasse pensando no divórcio que virá. Eu sei que o número de divórcios aumenta a cada dia, mas acho que a maioria das pessoas não casa pensando em se separar. Trocar o nome pode ser trabalhoso, mas é romântico. Para as meninas românticas e noivas apaixonadas, que sonham com suas vidas de casadas, assumir o sobrenome do outro é um prazer, não importa quanto tempo você vai levar pra trocar tudo o que é documento depois.
(Só para constar, na Suécia os noivos podem escolher à vontade, até onde eu sei. Podem ficar os dois com o sobrenome da mulher, inclusive. Pode ela ficar com o dele e ele com o dela pode ser primeiro o dele e depois o dela, etc, etc)
Não entendi o porquê de os cartórios me impedirem de fazer com o meu sobrenome o que já se fazia há décadas. Mais, não entendo porque eles se metem no meu sobrenome, mas não se metem quando uma mãe resolve registrar o filho com aqueles nomes absurdos que a gente vê por aí e que somente um quadro crítico de depressão pós parto explica. Esses nomes que você não imagina como uma mãe que acabou de dar à luz segura seu bebezinho cheia de amor e diz: "ele vai se chamar Evandinicleison" (ou coisa pior). Eu me pergunto se as condições das maternidades não influenciam nesses quadros de ódio pelo seu próprio rebento. E o que acontece com os pais dessas crianças, que aceitam essas coisas e vão lá no cartório e registram a tragédia?
Nessa hora o cartório não diz que não pode. A lei não diz que não pode. Não diz nem pro tal pai voltar pra casa, pensar melhor, conversar com a mãe da criança sobre a repercussão de um nome desse na vida da criança e voltar no dia seguinte. Não pede a um assistente social que vá ver em que condições psicológicas vive essa família pra querer fazer isso com o pobre bebê. Ninguém é obrigado a ter bom senso. O corretor ortográfico tem o bom senso de sublinhar em vermelho o nome Evandinicleison quando eu o escrevo, mas deixam registrar. E eu não posso virar a senhora Juliana Brito Pires porque eles têm certeza de que eu vou me divorciar! Aff...

domingo, 15 de julho de 2012

Atenção, prepara.... Valendo!

Lembra do programa Passa ou Repassa? Ou do Video Game, do Video Show, um tempo atrás (não sei como está hoje)? Ou qualquer outro similar. Volta e meia aparece um programa na TV nesse mesmo formato: os competidores, sozinhos ou em equipe, ficam atrás de uma bancada. Uma pergunta é feita, mãos para o alto, atrás da orelha, aguardam tensos pelo "valendo!" (ou "já!", "agora!", etc) do apresentador. Ao sinal deste, os competidores rapidamente apertam um botão, na bancada à sua frente, que acende uma luz ou faz um barulho que lhe dá o direito de responder a pergunta. Resposta correta: ponto! Quem aperta o botão primeiro, portanto, sai na frente no tal jogo.
Substitua o apresentador por um semáforo, a bancada por um carro e os botões por buzinas e você terá o trânsito das grandes cidades. Os competidores são bons! Nem bem o sinal fica verde, dezenas de buzinas já estão tocando, desesperadas, como se fossem realmente ganhar algum prêmio por isso. Não vão.
Talvez o prêmio esperado seja o tempo. Talvez elas pensem que se em cada sinal de trânsito no seu percurso conseguirem ganhar alguns milésimos de segundo, ao final do dia tenham mais tempo para seus hobbies, famílias ou trabalho extra, sei lá. Talvez eles achem que suas buzinas têm poderes mágicos e que se as tocarem bem depressa alguns carros à sua frente simplesmente desaparecerão do trânsito, deixando o caminho livre. Ou talvez sejam pessoas desligadas e tenham instalado em seus carros algum tipo de sensor que os avise quando o sinal abriu, para que se liguem de andar com o carro. Talvez achem que todos à sua frente sejam igualmente desligados a ponto de não ter percebido que o sinal abriu.
O mais provável, no entanto, é que estejam apenas gozando do seu "direito de ser um babaca", sobre o qual falei em outro post (http://www.vouemboraprasuecia.blogspot.com.br/2012/07/voce-tem-todo-o-direito-de-ser-um.html). Ficam irritados com o trânsito e resolvem levar todos os demais à loucura. São, em outras palavras, uns pentelhos mal educados. Mas é incrível quantos desses você encontra na rua todos os dias!
Pro caso de alguém ter perdido essa aula na auto escola, segue uma pequena lição sobre a buzina:


"O artigo 41 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) define o uso da buzina. O condutor de veículo só poderá fazer uso de buzina, desde que em toque breve, nas seguintes situações:
I - para fazer as advertências necessárias a fim de evitar acidentes;
II - fora das áreas urbanas, quando for conveniente advertir a um condutor que se tem o propósito de ultrapassá-lo.
Observem que o uso se dá em toque breve. Pois é, deveria ser assim, mas quem nunca foi acordado de madrugada com um maluco apoiando o braço na buzina? Mais uma lei que não se aplica na prática. No artigo 227 estão as circunstâncias passíveis de multa:
I - em situação que não a de simples toque breve como advertência ao pedestre ou a condutores de outros veículos;
II - prolongada e sucessivamente a qualquer pretexto;
III - entre as vinte e duas e as seis horas;
IV - em locais e horários proibidos pela sinalização;
V - em desacordo com os padrões e freqüências estabelecidas pelo CONTRAN;"



E tem ainda os chatos dos motoristas de ônibus que, impedidos de buzinar, ficam piscando o farol e fazendo "TSSSS! TSSSSS!". E olha que eles nem podem andar mais rápido que você, no fim das contas.
Falta paciência, falta educação, falta parar de achar que o mundo - e o trânsito - giram apenas em torno do seu umbigo. Vamos entender de uma vez por todas que: 1- se você viu que o sinal ficou verde, o amiguinho do carro da frente, provavelmente, também viu. 2 - sua buzina não é mágica, ela é chata, inconveniente e ineficaz quando o assunto é fazer com que o trânsito ande mais depressa.





sábado, 14 de julho de 2012

os correios e a felicidade

Antigamente, qualquer pessoa podia enviar uma carta social. Bastava que ela pesasse menos de dez gramas, fosse manuscrita e que você escrevesse no envelopa "carta social". A postagem saía para qualquer um por um único centavo (por conta disso, os correios costumavam ser os únicos estabelecimentos com moedas de R$ 0,01 na vizinhança). Eu mesma enviei várias, na época em que trocava cartas - em vez de emails ou publicações nos murais - com os amigos. 
Hoje em dia só pode enviar carta social quem recebe o Bolsa Família, de acordo com o site dos correios. O restante de nós pagará pelo menos oitenta centavos por uma carta não comercial ou cartão postal de até 20 gramas. 
Esta é a tabela que você encontra no site dos correios para este tipo de correspondência:

Carta não comercial e Cartão Postal

Vigência 19/06/2012 - Preços em R$ 
Peso (g)BásicoRegReg+ARReg+MPReg+AR+MP
Até 200,803,806,807,8010,80
Mais de 20 até 501,254,257,258,2511,25
Mais de 50 até 1001,704,707,708,7011,70
Mais de 100 até 1502,155,158,159,1512,15
Mais de 150 até 2002,655,658,659,6512,65
Mais de 200 até 2503,106,109,1010,1013,10
Mais de 250 até 3003,556,559,5510,5513,55
Mais de 300 até 3504,007,0010,0011,0014,00
Mais de 350 até 4004,457,4510,4511,4514,45
Mais de 400 até 4504,907,9010,9011,9014,90
Mais de 450 até 5005,408,4011,4012,4015,40
(Fonte: http://www.correios.com.br/precosPrazos/precosPrazosNacionais/Carta.cfm)

Por ela fica fácil entender que quanto maior ou mais pesada é a sua carta, e quanto maior a garantia que você quiser de entrega, mais terá que pagar por seu envio.
Para enviar um Sedex de 300 gramas em um envelope do tamanho de uma folha de A4 de Rio para São Paulo, eu gastaria, aproximadamente, R$ 20,00. Seriam R$ 29,00 para Sedex 10 (aquele que entrega até as dez da manhã do dia seguinte e R$ 61,00 para que meu envelope fosse entregue no mesmo dia e com a garantia de que não seria extraviado.

Eu não estou recebendo um único centavo (em dinheiro ou crédito para carta social) por essa propaganda dos serviços da ECT, apenas fazendo uma introdução para o assunto de que realmente trata esse post: o dinheiro. Afinal, ele traz ou não traz a felicidade?
Não, ele não traz. Mas, como eu costumo dizer, paga o Sedex.
Quer dizer, você pode ser feliz sem dinheiro como a sua carta simples pode chegar ao destino sem problemas mesmo que você não pague por uma garantia, como registro ou AR (apesar das reclamações, acho que os correios continuam sendo uma empresa confiável para a maioria das pessoas. Eu, pelo menos, nunca tive nenhum problema com isso). Mas se puder pagar um pouco mais, pode acompanhar, rastrear, e ter a certeza de que sua felicidade chega na mesma semana, no dia seguinte ou mesmo no próprio dia do envio.
Quer dizer que a falta do dinheiro não impede, mas a presença dele garante a felicidade? Também não. Porque não basta receber o pacote, é preciso abri-lo e fazer bom uso de seu conteúdo. Tem gente que recebe o pacote e deixa em cima da mesa, fechado. Não percebe o valor do que recebeu ou simplesmente não liga. Tem gente que reclama porque o vizinho recebeu um pacote maior (mesmo que tenha demorado mais pra chegar) e gente que sente culpa porque sua encomenda de natal chegou na garupa de um motoboy enquanto tantas pessoas no mundo têm suas cartas extraviadas e não recebem sequer um cartão. 
Na vida real, infelizmente, a felicidade não costuma ser enviada pelo correio. Às vezes, um postal de uma pessoa querida, o resultado de um concurso ou um convite de casamento podem constituir agradáveis exceções - afinal, boas notícias carregam consigo fragmentos de felicidade. De uma forma geral, no entanto, cada um deve fazer sua própria felicidade, seja trabalhando mais por conquistas financeiras, seja trabalhando menos e disponibilizando mais tempo para outros prazeres, seja morando sozinho ou voltando pra casa dos pais, casando ou separando, tendo filhos ou adotando um bichinho de estimação. As decisões que fazem a sua felicidade dependem de como você faz planos e do quão grato consegue ser à vida quando consegue realizá-los. E também de como você reage quando alguns desses planos se "extraviam"...